Por Herval Sampaio e Joyce Morais
Michel Temer assumiu a Presidência afirmando que enxugaria a máquina pública e que o Governo iria “cortar da própria carne” para que o país pudesse voltar a crescer novamente. Durante sua passagem interina, alardeava aos quatros cantos, como se diz, que se confirmado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, na sua gestão ele iria promover reformas sem sacrificar a área social e sem que prejudicasse os trabalhadores ou mais pobres, além de cortar gratificações e cargos comissionados do Executivo Federal. Bem, não é isso que está acontecendo…
O peemedebista iniciou seu governo fazendo cortes nos ministérios e reduzindo de 32 para 23 pastas, mas contraditoriamente, poucos meses depois já havia aumentado em cinco, totalizando 28 ministérios. A PEC do Teto e as mudanças na legislação trabalhista e na previdência propostas pela sua gestão não representam uma segurança para o cidadão, apresentando em muitos aspectos um verdadeiro retrocesso para a educação brasileira e para a classe trabalhadora, em que pese sabermos que se fazem necessárias reformas em um momento como o que estamos vivendo, pois Estado não pode mais abarcar tantos compromissos.
O presidente também chegou a anunciar que por meio de decreto iria extinguir quase cinco mil cargos de confiança, mas com pouco mais de um ano de mandato, esse número praticamente não mudou. É que em verdade Temer substituiu tais comissionados por cargos de “Funções Comissionadas do Poder Executivo (FCPE)”, o que não significou uma redução e uma consequente economia para as contas públicas, como ele havia publicizado. Os ministérios com mais funcionários comissionados são o da Educação, da Fazenda e a própria Presidência da República. Porque será?
Tem haver como que sempre denominamos estrutura do poder pelo poder? http://novoeleitoral.com/index.php/artigos/hervalsampaio/770-intensificacao-da-estrutura-do-poder-pelo-poder-com-indicacao-direta-seus-apadrinhados
Para piorar ainda mais a situação do brasileiro, o governo anunciou esta semana um Plano de Demissão Voluntária (PDV) aos servidores do Executivo Federal, justificando uma necessidade de corte de gastos com folha de pessoal e prevendo uma economia de 1 bilhão anual com a adesão. Na proposta, além da possibilidade de exoneração, há também a previsão de redução de carga horária com consequente redução de vencimentos. Grande economia comparada às emendas liberadas com objetivos escusos e a própria redução de cargos comissionados que se faz necessária. http://novoeleitoral.com/index.php/artigos/hervalsampaio/936-liberacao-de-emendas-parlamentares-devem-ser-investigadas
Portanto, o que podemos concluir do atual governo é que realmente estão cortando gastos, mas estão tirando do bolso e da esperança do povo brasileiro, das crianças, dos estudantes, dos assalariados, dos idosos. Mas o que eles estão cortando deles próprios? Quais tipos de economia estão realizando em prol do desenvolvimento do país?
É muita incoerência para um governo só atolado em denúncias de corrupção e que para chegar ao poder falava do governo anterior que também fazia parte por conveniência e agora que tem a oportunidade de fazer, intensifica a politicagem!
Eles continuam se reunindo com jantares e cafés-da-manhã, continuam com seus muitos assessores, auxílios, passagens em primeira classe, carros oficiais luxuosos, aposentadorias, benefícios, altos salários, reajustes e os deputados continuam recebendo suas emendas parlamentares. Enquanto isso, a Polícia Rodoviária Federal reduziu suas atividades por falta de verba, assim como a Receita Federal deixou de emitir temporariamente passaportes.
A primeira ideia de enxugamento da máquina pública seria retirar os excessos e a gordura do serviço público começando por aqueles que mais possuem, membros dos Poderes, evitando sacrificar aqueles que têm apenas o mínimo para uma sobrevivência digna.
E mais tem que se mexer no que mais eles não querem: a estrutura desnecessária e inchada de cargos comissionados que somente sugam dinheiro público para manutenção dos cabos eleitorais quando de suas reeleições, deixando o lado técnico de lado e a própria necessidade de muitos desses cargos.
E tudo isso tem que ser feito em todas as esferas da máquina pública e envolvendo todos os Poderes da República sem qualquer exceção, de modo que em um momento de crise como o que estamos vivendo, só se gaste dentro do que efetivamente se arrecada.
Ou seja, como o Governo pode ter legitimidade se continua gastando bem mais do que arrecada, com interesses escusos e não corta na própria carne, só sobrando para o bolso do cidadão, na realidade sempre o mais sacrificado com toda essa bandidagem!
Mas não foi isso que fez e está fazendo o presidente Temer, e que também não irá fazer. Mais cortes estão previstos, mas nenhum que retire algo do bolso deles. O governo já chegou a declarar que o Ministério das Cidades e Transportes será o próximo a passar por um arrocho de verbas, até mesmo por que o rombo desse primeiro semestre é o maior dos últimos anos: 56 bilhões e a própria meta que prevê em tese um déficit menor que o do governo anterior tão criticado, dificilmente será atingido ao continuar essa política de incoerência que domina suas ações.
É, está difícil manter a esperança com tantos esfacelamentos da máquina pública quando a conta final sempre está sendo paga pelo cidadão, mas não podemos esmorecer, pois a responsabilidade de tudo que está acontecendo também é nossa, logo nos impõe que fiquemos atentos e não aceitemos passivamente nenhuma medida que se reputa ilegítima, questionando o Governo que deve se pautar sempre na coerência, coisa que o atual demonstra a cada dia ser o que menos possui.
Fonte: novoeleitoral.com
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