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Aécio, Lula, Temer, Maia, PRB, Cunha, Geddel… As novas provas revelam corrupção, não doação eleitoral.

Na era da “pós-verdade” (mentiras difundidas como verdades) o que mais se escuta dos governantes ladrões beneficiados pelo sistema político-empresarial corrupto é que todos eles receberam doações “dentro da lei”, “declaradas de acordo com a lei”. No máximo, teriam cometido “caixa dois”. Essa mentira está virando pó diante das novas delações e provas surgidas na LJ.

Dinheiro recebido de pessoa física ou jurídica como doação eleitoral (declarada ou na forma de caixa dois) em troca de favores e ajudas emanadas do poder público é corrupção. Se o dinheiro dado é sujo (origem ilícita) e o receptor sabe disso, é lavagem de dinheiro.

O disfarce utilizado (doação eleitoral, por dentro ou por fora) não desnatura nem a corrupção nem a lavagem. Essa é a grande tese da LJ, que tem o dever de nos mostrar provas de que milhares de doações foram feitas criminosamente “dentro da lei”.

Aécio. De acordo com a Folha (2/2/17), o delator da Odebrecht Benedicto Júnior afirmou que combinou com Aécio Neves (quando governador) o esquema de fraude nas licitações da Cidade Administrativa (em BH): definiram juntos as empreiteiras e as propinas (entre 2,5% e 3% do total dos contratos, que chegaram a R$ 2,1 bilhões) que foram pagas por elas (por intermédio do seu operador Oswaldo Borges da Costa Filho). Sérgio Neves (ex-Odebrecht em MG, teria confirmado tudo isso em outra delação). Se apresentarem provas documentais de tudo isso, só resta saber que dia Aécio irá para a cadeia.

Lula. Outras revelações feitas nas delações da Odebrecht são as seguintes: a pedido de Lula, a empreiteira bancou treinamento empresarial (“coaching”) para seu filho organizar um campeonato de futebol nos EUA, sob o patrocínio da TNT, Budweiser, Tigre, Sustenta Energia, Qualicorp, GOL e Caoa Hyundai (Folha, 19/2/17). O delator nesse caso foi o odebrechtiano Alexandrino Alencar (muito amigo de Lula), que ainda confirmou que a empresa pagou a reforma do sítio de Atibaia, que construiu o estádio do Corinthians assim como comprou um terreno para ser a nova sede do Instituto Lula.

Temer. Quatro delatores (pelo que se sabe até aqui) já teriam confirmado o envolvimento de Temer com o departamento de propinas da Odebrecht. Marcelo Odebrecht, Claudio Mello Filho, Márcio Faria e Benedito Júnior (ex-presidente e ex-executivos da empresa). Eles descrevem detalhes de vários encontros com Temer. Eduardo Cunha participou de alguns desses atos. Marcelo e Cláudio confirmam o pedido de R$ 10 milhões feito por Temer (no Palácio Jaburu) ao departamento de propinas da Odebrecht. Márcio Faria (executivo da empresa) confirmou que liberou dinheiro a pedido de Temer em troca da celebração de contratos com a Petrobras. Teriam se encontrado no escritório político de Temer em São Paulo, com a presença de João Augusto Henriques, o operador de propinas do PMDB na Petrobras. O 4º delator é Benedito Júnior, que relata um encontro entre ele e Michel Temer, em 2010 (Temer era candidato a vice-presidente), quando jantaram com Moreira Franco e Eduardo Cunha. Assuntos discutidos: financiamentos da Caixa Econômica e campanha eleitoral (ajuda financeira em troca de favorecimentos) (ver M. Lima, Veja, 28/1/17).

Maia. No dia 8/2/17 houve o vazamento (no Jornal Nacional) de um relatório da PF onde se diz que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, teria praticado corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A origem está em mensagens de celular entre Maia e o empreiteiro Léo Pinheiro (da OAS). Em troca da propina de R$ 1 milhão, o parlamentar teria defendido interesses legislativos da empreiteira no Congresso, entre 2013 e 2014 (sobretudo na área da aviação regional, que trazia vantagens para a construtora). Oficialmente a propina teria ido para seu pai, César Maia. Essa doação pode ter sido mais um disfarce (Estadão, 8/2/17).

PRB. Outra delação da Odebrecht menciona a propina de R$ 7 milhões para o ministro do PRB, Marcos Pereira (ministro da Indústria, Comércio e Serviços, do governo Temer). Propina saída do departamento respectivo da Odebrecht e paga por caixa dois (dinheiro vivo), na campanha de 2014, para a compra do apoio do partido à chapa Dilma-Temer. Outros partidos foram “comprados” pelo mesmo método (PROS, PCdoB, PP e PDT). Foram R$ 30 milhões, no total, em propinas. Delatores: Marcelo Odebrecht, Alexandrino Alencar e Fernando Cunha. Marcos Pereira é o sexto ministro citado em delações (Estadão, 18/2/17).

Cunha, Geddel, Henrique Alves, Delcídio, J&F, Odebrecht & Cia. Delação do empresário Alexandre Margotto revela todo o esquema corrupto na Caixa Econômica, sobretudo na liberação de recursos do FI-FGTS (para Odebrecht, J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, Eldorado Celulose, Porto Maravilha, Moura Dubeux, BR Vias, da GOL, etc. – Valor, 20/2/17). Havia sociedade entre o doleiro Lúcio Funaro e Cunha; Fábio Cleto participava da tramoia (ele mesmo já confessou isso em outra delação premiada); ele (Margotto) se desentendeu com Funaro por causa do pagamento das propinas. Sua delação deixa Eduardo Cunha numa posição fragilizada. Há muitas provas das suas maracutaias também na Caixa Econômica (sempre ao lado de Geddel).

O sistema político-empresarial corrupto se vale de meios criminosos para o financiamento não apenas das campanhas, senão também das estruturas partidárias caríssimas assim como, em algumas vezes, da governabilidade (compra de parlamentares venais). Essa grande tese ganha força a cada dia.

É por intermédio de um crime organizado que ele funciona. A política não é crime, o sistema que a mantém tradicionalmente no Brasil sim, é escandalosamente criminoso. A direita e a esquerda estão na mesma vala comum, nesse item.

Não há como não combater esse câncer (onde quer que estejamos: no recinto do lar, no trabalho, na escola, nas ruas, nas redes). Mostrar a verdade e destruir as mentiras. Eis o desafio.

Fonte: https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/432335089/aecio-lula-temer-maia-prb-cunha-geddel-as-novas-provas-revelam-corrupcao-nao-doacao-eleitoral

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