* Por Carlos Santiago
O debate sobre o tamanho da participação popular nas decisões de governos e dos Estados vem desde a Grécia Antiga.
O filósofo Protágora defendia que a política era um espaço de todos, sem critério sanguíneo e de renda. Linha de pensamento seguido hoje por países democráticos e com instituições de Estado consolidadas. Por outro lado, o grego Sócrates acreditava que a política não era para todos, sendo necessário possuir riquezas, conhecimentos prévios e capacidades que uma pessoa comum não possuía. Lógica que é conduzida por parte da elite brasileira e, tão presente na atual crise institucional, política, econômica e moral do País.
O processo de colonização do Brasil deu origem a “elites” econômicas, políticas, jurídicas e grupos de “intelectuais mercenários” que tomaram conta do Estado Brasileiro, sendo responsáveis pela exclusão social de milhões porque nunca aceitaram a democracia e nem que o voto de um homem simples tenha o mesmo valor do voto de uma autoridade. Odeiam partilhar Poder!
A perda de apoio político no Congresso Nacional, da opinião pública, denúncias de corrupção, forte crise econômica e fiscal, levaram o impedimento da presidente eleita, substituída por presidente sem votos, com base política conservadora/sem ética e com programa de governo que reduz a presença do Estado nas áreas da saúde, da educação e busca diminuir direitos trabalhistas, além de envolvimento em escândalos de corrupção, levando ao aprofundamento da crise e repulsa social de quase 100% do povo.
Respostas para superar a crise não faltam. Têm inúmeros comentários de parlamentares, de governantes, de juristas e de empresários na mídia. Mas sempre com o objetivo que colocar a vontade popular em segundo plano, citando, inclusive, o artigo 81 da Constituição Federal para a defesa de eleição indireta, realizada pelo Congresso Nacional.
É bom lembrar aos socráticos brasileiros que nos regimes democráticos o poder provém do povo, determinação que consta no Paragrafo Único do artigo 1° da Constituição de 88, bastando tão somente que seus representantes no Congresso Nacional ouçam a sociedade e façam, ou não, as modificações legais necessárias.
Numa democracia não devem prosperar a mentalidade de que o povo “não sabe votar” ou que eleição é cara, ao contrário, só existe saída em conflitos de legitimidade numa democracia, apostando sempre em mais democracia.
CARLOS SANTIAGO
*Sociólogo, Cientista Político e Advogado
Fonte: novoeleitoral.com
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